14 de março de 2024
De pai para filho
No dia do meu aniversário, uma ocasião que já prometia ser memorável, eu e meu pai nos encontramos imersos numa dessas conversas profundas que só acontecem quando os astros se alinham. Falávamos sobre os altos e baixos da existência, da alegria ao sofrimento, da vida até a beira da morte. Num momento de inspiração misturada com uma dose de dramatismo, virei-me para ele e disse: “Pai, promete nunca me deixar viver em estado vegetativo, dependente de máquinas, líquidos, aparelhos? Se o senhor me vir nesse estado, por favor, desligue tudo que estiver me mantendo semivivo, preso a esse estado patético, no qual a vida perde o verdadeiro sentido.” Sem hesitar, num ato de amor paterno, ele levantou-se, desligou a TV, cortou o cabo da internet, jogou minha Coca-Cola no ralo e ainda por cima confiscou meu celular.
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